segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Golfinhanço nas Palmeirinhas

No Domingo passado fomos à praia das Palmeirinhas.

Aquilo é logo ali, bem mais perto do que o Sangano ou Cabo Ledo, logo depois dos Ramiros, quando acabamos de passar pelo saco dos Flamingos, onde começa o braço de terra que é o Mussulo basta virar à direita e passado uns metros de estrada de terra, a primeira praia que vemos é a das Palmeirinhas.
Fica 100Km mais perto que Cabo Ledo. Para quem é lento das ideias e ainda não sabe onde é o meu telemóvel fez o favor de pintar um risco num mapa e ainda dá para partilhar esse risco com o mundo inteiro.
Maravilhosos tempos estes em que vivemos, com 100€ podemos comprar uma geringonça com um ecrã imenso e que tem um bichinho chamado android lá dentro que faz coisas maravilhosas. O meu pintou um risco no mapa, disse-me a velocidade a que andei e fez um gráfico com as elevações e depressões do terreno, posso vê-lo no google maps e ainda me deixa ver a viagem à velocidade a que fui no Google Earth, só é pena que o meu carro tenha andado mais depressa do que a velocidade da net aqui em Angola pelo que não se vê nada de jeito no Google Earth mas fiquei maravilhado com o Google My Tracks.
Fica aqui o link com o percurso entre a Samba e a praia das Palmeirinhas.

A praia das Palmeirinhas tem muita areia, muita água, muito sol, mas não tem palmeirinhas desenganem-se aqueles que pretendem procurar palmeirinhas.
Estivemos a nadar e a apanhar sol até que a dado momento alguém grita 'Olha ali um golfinho!!', eu olhei e não é que vi mesmo um golfinho a nadar logo ali, a poucos metros da areia? Os golfinhos são um animal que tem um efeito estranho nas pessoas. Não são como uma simples sardinha, ou um arenque, nada disso, ficámos todos maravilhados com os golfinhos, fomos para mais perto da água e ficamos ali com um sorriso parvo na cara apenas porque os golfinhos estão ali a golfinhar na água como sempre fazem. Tenho a certeza que estavam apenas a pensar em sardinhas e não foram ali para nos cumprimentar nem para nos alegrar, mas o facto de vermos aqueles lombos imensos a aparecer fora da água com a barbatana dorsal a aparecer primeiro enche-nos de emoção, ficamos alegres com o peito cheio de uma sensação de felicidade. Vimos um golfinho, depois eram três, afinal já eram seis, e dez, não, são doze. Ficamos com os olhos colados na água enquanto uma dúzia de golfinhos passava por ali.

- 'Olha ali, olha ali mais. Estão ali uns cinco.' - e todos olhávamos para aquele lado.
- 'Um deu um salto ali, viste?' - Aqueles que já só viam a espuma branca na água sentiam-se frustrados por terem perdido um salto (não houve mais que dois ou três saltos), os que viram sentiam-se um nadinha superiores - 'Ena, deu um salto enorme, saiu todo fora da água.'

Uma ou outra pessoa gritava - 'Saiam da água, pode ser tubarões, saiam da água.'
Um outro dizia - 'É uma orca, a barbatana estava dobrada e caída, são orcas.'
Mas na verdade eram golfinhos.

Dei uma dúzia de marretadas na cabeça por não ter levado a máquina fotográfica, ando todos os dias com a máquina e no dia em que o mar está cheio de golfinhos nada. Espero que não demore muito para que a Google invente o Google Head, dispositivo que instala uma ranhura para um cartão de memória na nuca e permite filmar com os olhos e partilhar sentimentos e emoções com quem quisermos.

A esta altura dizem vocês:
- Bah, golfinhos? Eu já vi golfinhos no ZooMarine, e no SeaLife, e saltavam e até equilibravam bolas na ponta do focinho e passavam pelo meio de argolas... vejo golfinhos quando me apetece, até na televisão se for preciso.

Garanto-vos que não tem nada a ver com esses encontros com hora marcada, eu também já vi espetáculos com golfinhos e também vejo o Odisseia e o National Geographic de vez em quando mas um encontro espontâneo é diferente, eles não foram ali porque alguém os obrigou, não foram ali porque nós estávamos lá, é como a diferença entre ir ao Zoo ver uma zebra ou estar sentadinho a piquenicar no mato e de repente passar uma manada de zebras mesmo à frente. É como a diferença entre ver um veado no Parque Biológico de Gaia ou estar descansadinho a dormitar numa clareira e passar uma família de veados bem à frente dos nossos olhos. Já fui à praia milhares de vezes, esta foi a primeira vez que vi golfinhos na praia e é diferente.

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